Enquanto o nacional-socialismo alemão ainda era uma semente germinando nas mentes e nos corações seduzidos por Adolf Hitler, na Câmara dos Comuns, no parlamento inglês, Winston Churchill já disparava suas pesadas críticas ao nazismo e conclamava o governo britânico a se preparar para a guerra iminente. Churchill, porém, era ‘um profeta sem audiência em seu próprio país’. Diga-se de passagem, ‘no início, Hitler era considerado, dentro da Inglaterra, como um responsável alemão nacionalista lutando contra o comunismo, enquanto Churchill era um irresponsável por criticar o governo inglês que não se opunha a Hitler’.
Todos sabem o fim desta história. Hitler dominou parte da Europa, atacou a Inglaterra, promoveu o holocausto e contribuiu para a corrida nuclear, o que poderia ter dizimado a existência humana da face terra. Só que graças, em grande parte, ao inicialmente desacreditado (mas perseverante) primeiro-ministro inglês e, depois, aos aliados, a liberdade triunfou e nós estamos aqui. Alemanha derrotada, o poderoso Hitler se matou. Churchill, mesmo com tudo o que fez por seu país e pelo mundo, no pós-guerra, perdeu as eleições. Mas Churchill não deu cabo à própria vida. Ao contrário, foi degustar seu charuto, seu malte escocês e escrever suas memórias. Mais tarde, retornou à vida pública e aos discursos.
Obviamente, não temos a mínima pretensão de nos equiparar ao estadista inglês. Ocorre que sua história nos serve de inspiração. Pois, atualmente, existe uma ameaça real e crescente que aterroriza todo o Brasil, e não apenas nossa cidade. São as drogas, que vêm destruindo a juventude, suas famílias e a sociedade, fazendo-nos reféns de doentes drogados e, principalmente, de traficantes que se valem de atos criminosos extremamente graves, como homicídios, roubos violentos e estupros. Tudo isso tem o poder de provocar pânico e efeito paralisante. Mas, não entre nós, que decidimos lutar e enfrentar esse mal com toda a nossa força, sempre rogando a proteção de Deus e sob o império da lei.
E pela responsabilidade cristã e aquela que a lei nos atribui, passados cinco anos, nós não apenas alertamos a população e as famílias fernandopolenses. Assim como nos ensinou o antigo morador da ‘PM 10 Downing Street’, nós adotamos medidas concretas, efetivas, para tentar afastar o mal de nosso meio. Para tanto, o toque de acolher, o toque escolar, a permanente vigilância aos maus tratos às crianças por meio do SIBE (síndrome do bebê espancado), a inclusão de menores carentes no mercado de trabalho e o tratamento de menores viciados nas melhores clínicas de recuperação do Estado são algumas das medidas aqui implementadas, cuja finalidade última é a segurança social, à medida que se valoriza a família, a escola, o trabalho e a paz.
Vale dizer que a existência, até aqui, do toque de acolher, a medida mais polêmica, deve-se às seguintes autoridades: Promotores de Justiça José Rafael Hussein, Eduardo Querobim e Fernando Cesar de Paula, todos os Delegados de Polícia e demais policiais civis, todos os Oficiais da Polícia Militar e demais militares, todos os conselheiros tutelares e todos os Juízes, pelo seu apoio incondicional; além, evidentemente, da parcela mais significativa e que é maioria em nossa sociedade. De uma maneira ou outra, todos numa mesma direção: cumprir a lei e buscar a segurança social, principalmente, para crianças e adolescentes. Um árdua tarefa, diante do veloz alastramento das drogas e de suas propagandas subliminares e explícitas em vários meios de comunicação.
Nossas adversidades, contudo, não são apenas as drogas e seus crimes. Há pessoas e autoridades, nesta cidade e fora daqui, que, ou por desdenhar da força dos entorpecentes e dos crimes que os envolvem, ou por entender que nós é que estamos sempre errados, ou por outras razões, entre elas, talvez, algumas no campo das vaidades, ao invés de se ajuntarem a nós, em nossa luta, essas pessoas e autoridades combatem o nosso esforço; e assim o fazem, em várias frentes, sistematicamente. Isso dificulta, sobremaneira, a nossa tarefa; pois, além do foco principal de nosso trabalho, ainda temos que dispor de tempo para responder a algumas acusações que nos lançam. Por exemplo, acusações de que apreendemos criminosamente menores viciados (depois encaminhados para clínicas de recuperação) ou de que perseguimos ilegalmente crianças que apenas têm o direito de se divertir nas ruas, altas horas da noite, sem os pais ou responsável, como se as ruas, nessas circusntâncias, não estivessem tomadas pela ameaça do nosso verdadeiro e mais cruel inimigo. Sem dizer das acusações de que promovemos o trabalho ‘escravizante’ de menores e por aí vai.
De todo o modo, e mesmo assim, afirmamos, e cada vez com mais fôlego, que um sério e terrível espectro nos ronda. São as drogas, que alavancam crimes e mais crimes, não escolhendo classe social, sexo, cor ou idade entre suas vítimas. E mesmo diante de todas as dificuldades e contrariedades, temos que manter a fé, a confiança e o nosso trabalho em curso que, certamente, não cessa, não esmorece. Como bem pronunciou o grande Winston Churchill em seu mais famoso discurso, ‘blood, toil, tears and sweat’ (sangue, sofrimento, lágrimas e suor): ‘Se você pergunta qual é o nosso objetivo, diante de nossa renitente determinação, podemos responder em uma frase: vitória, a todo custo; vitória, apesar de tudo; vitória, mesmo diante de um longo e difícil caminho a percorrer; pois, sem vitória, não há sobrevivência’.
Por fim, ainda que estivéssemos sendo bombardeados pela Deutsche Luftwaffe, de Herman Göring (segundo o homem mais importante na hierarquia do Tercerio Reich de Adolf Hitler), numa daquelas Blitzkrieg londrinas, o que inexiste em nossa cidade, nem como longínqua metáfora, devemos seguir o admirável Winston Churchill que, aos 76 anos, no final de sua vida, em seu último discurso na Câmara dos Comuns, resumiu-nos uma valiosa lição: ‘Nunca fugir, não se abater e jamais desesperar’.
*As frases contidas neste texto e algumas das referências históricas foram extraídas de http://pt.wikipedia.org/, de http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=460Cfr e de “WINSTON CHURCHILL”, de Stuart Ball, Editora Nova Fronteira.
Evandro Pelarin é Juiz da Vara da Infância e Juventude de Fernandópolis, interior de SP. Implantou na cidade medidas como o "Toque de Acolher" e o "Toque Escolar".
Acessem http://www.evandropelarin.blogspot.com/
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