sábado, 11 de setembro de 2010

Revirando o BAÚ

Hoje, revirando meus arquivos, encontrei alguns textos que escrevi na época da faculdade. Tínhamos que escrever diversos, para todos os veículos de comunicação: jornal impresso, revista, telejornal, agência de notícias...

Vou disponibilizar aqui uma matéria que escrevi, em 2004, para o Jornal Ensaio, publicação impressa da Universidade de Sorocaba (Uniso), onde fiz o curso de Jornalismo. A pauta era sobre escritores sorocabanos que tiveram seus livros publicados através de subsídios da LINC (Lei de Incentivo à Cultura), que na época existia há apenas seis anos.

Escritores conquistam espaço em Sorocaba
Lei de Incentivo à Cultura oferece patrocínio e divulgação

Em Sorocaba podemos encontrar diversos escritores que já são conhecidos em toda a região e que vêm se destacando a cada nova publicação. Já outros buscam a oportunidade de publicar, o que hoje não é fácil, já que o custo é alto. Com o surgimento da LINC (Lei de Incentivo à Cultura), há seis anos, que disponibiliza verba da prefeitura, a publicação tornou-se mais viável.

A LINC, além de patrocinar escritores já conhecidos, também apóia os iniciantes. Foi o que aconteceu com a escritora Fernanda Ikedo, autora do livro "Ditadura e Repressão em Sorocaba", que conta a história de quem resistiu e sobreviveu ao golpe de 1964. O livro, que foi apresentado como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo, foi elogiado pelos professores, que sugeriram a sua publicação. A partir daí ela procurou saber como inscrever o seu projeto e conseguiu pleitear o patrocínio da LINC. Fernanda conta que para o projeto ser aprovado ele precisa ser analisado por uma banca examinadora, que utiliza três critérios: o assunto deve estar relacionado à Sorocaba; ter relevância histórica; e estar bem escrito. Para a autora, a lei surgiu para alavancar a cultura na cidade.

Sérgio Coelho, jornalista e escritor, diz que se tivesse que bancar os custos da publicação do livro "Os Espanhóis" iria gastarem torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil, valor impossível de se recuperar, já que cada exemplar custaria R$ 25. Coelho, que também escreveu "Os Espantalhos", conseguiu publicar seus dois livros pela LINC. O escritor está entre os 30 membros da Academia Sorocabana de Letras, criada por Aleixo Irmão, escritor e promotor público aposentado, que realiza reuniões todo primeiro sábado de cada mês.

Os que mais publicam

Benedito Martins e Geraldo Bonadio também são acadêmicos. Os dois estão entre os autores que mais obras publicaram em Sorocaba, 14 e 16, respectivamente. Já a escritora e acadêmica Dorothy Jansson faz parte da elite dos trovadores brasileiros. "É um trabalho muito bonito e diferente que ela faz", comenta Coelho. Neide Baddini, autora de um livro de crônica e um sobre textos infantis, também faz parte da Academia.

Mas não são só escritores que fazem parte da Academia Sorocabana de Letras. Segundo Sérgio Coelho, ela é formada por um grupo bastante heterogêneo, que inclui pesquisadores e estudiosos que fazem apresentações, mas que não têm nenhuma obra publicada.

A Academia abriga uma biblioteca que está em fase de organização. Segundo Coelho, o objetivo é colocá-la à disposição dos interessados, mas por enquanto ainda faltam verbas. Ele diz ainda que o ideal seria contar com o apoio de alguma instituição ou da própria Prefeitura para se ter um estagiário atendendo os usuários. "Isso daria maior utilidade à nossa biblioteca", completa Sérgio.

A luta por uma publicação

Cenário: uma cidade fictícia do interior de São Paulo, numa época em que tudo se baseava na cultura agrícola e as estradas de rodagem cortavam as fazendas. É em uma delas que mora uma moça que se envolve com um rapaz da companhia de construção de estradas, até o momento em que a geada ameaça prejudicar as plantações de café da região.

É assim que começa o livro "A Geada", escrito por Amarildo Marchesin, um motorista de ônibus. Sua rotina é percorrer todos os dias a linha Jardim dos Estados, na cidade de Sorocaba, das 13h às 17h30. Uma pessoa humilde, que é conhecida por todos os passageiros do ônibus em que trabalha. Ele diz que escrever é a sua maior paixão e que faz isto nas horas vagas. Além do livro, ele também já escreveu poesias, algumas delas já foram publicadas em jornais da cidade. Ele é um escritor que está "escondido", mas que tem muito valor a mostrar.

Para apoiar a publicação de um livro, a LINC se baseia em critérios, como os citados acima. É por não corresponder a eles que muitos projetos não são aprovados pela banca examinadora. Foi o que aconteceu com o livro de Amarildo. Segundo ele, seu livro não foi aprovado devido o assunto não estar relacionado à Sorocaba.

Ele diz ainda que pela linguagem usada o texto ficou cansativo, o que levou os examinadores a não lerem o livro na íntegra. Para publicar por conta própria, o autor teria que desembolsar em torno de R$ 13 mil. Amarildo está revisando e fazendo algumas complementações no livro, pois pretende procurar a LINC novamente, o que é um processo exaustivo. É preciso levantar documentos, ir ao fórum, ao cartório e a prefeitura, o que determina despesas. Ele espera, dessa vez, conseguir o patrocínio e realizar o seu maior sonho, que é ver o sua obra publicada.

2 comentários:

  1. É maravilhoso te ver publicando. Sucesso sempre! Bjs.

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  2. Olá teacher! Muito obrigada. Sabe que nunca me esqueço daquilo que te falei no primeiro dia de aula, quando você nos perguntou o por que nós estávamos ali, na sua aula. Hoje vejo que valeu a pena a livre e espontânea pressão rsrs. Se não fosse ela, talvez eu não estaria formada hoje. Beijão pra você!!!

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